Cidade que vive do turismo, Gramado não pensou duas vezes e foi uma das primeiras a tomar medidas também pelo isolamento social em concordância com as orientações da Organização Mundial da Saúde.
Referência nacional para o turismo e quinto destino tendência mundial no setor, a cidade na Serra Gaúcha percebe com atenção as consequências econômicas causadas pelo necessário isolamento social.
Entende, no entanto, como um investimento necessário para preservação do seu principal ativo: as pessoas. Já são mais de 30 dias em que a cidade parou de receber novos visitantes, mas durante esse tempo manteve frentes de planejamento e pesquisa para uma retomada assertiva das suas atividades econômicas e eventos.
Segundo o secretário de Turismo de Gramado, Francisco Rafael Carniel de Almeida, são realizados contatos diários com entidades e empresários do setor, para o planejamento conjunto da retomada. Em se tratando de uma crise de saúde pública, é preciso traçar bons cenários a fim de planejar possíveis reações com base no seu desenrolar.
Nesta semana, uma reunião virtual entre os secretários de Turismo de toda a Região das Hortênsias convocada por Gramado, trata das ferramentas que estão sendo aplicadas para gerenciamento da crise no setor do turismo, e também sobre o estímulo e medidas de aceleração da recuperação.
Imagem do destino
O secretário Rafael destaca que não é possível, de imediato, estabelecer uma data para retorno das atividades. Aguardamos os decretos do Estado e município, lembrando que todas as medidas podem ser alteradas dependendo do avanço da pandemia do novo Coronavírus.
Segundo ele, a Administração Municipal entende a necessidade de liquidez das empresas locais para evitar o colapso econômico. No entanto, defende que a forma de volta às atividades é ainda mais importante do que quando esta volta irá ocorrer. “Sou favorável a um retorno gradual e extremamente responsável, já que aqui em Gramado tivemos sucesso ao retardar a curva deste contágio para preparar melhor nosso sistema de saúde.
Ritmo da retomada
A demanda e o ritmo de retomada dependerão do monitoramento frequente da capacidade de atendimento na rede de saúde. O grande público ainda não se sente seguro para sair de casa. As previsões médias são de que o setor turístico em Gramado passe a registrar uma retomada gradual e mais sensível da demanda a partir do segundo semestre de 2020, em meados do mês de agosto.
A cidade serrana contabilizou poucos eventos cancelados, mas teve 37 deles adiados, do primeiro para o segundo semestre de 2020 ou para o início do ano de 2021, além de alterações do calendário municipal de eventos.
Consciência local
Existe a consciência local de que o Covid-19 já afetou o turismo tradicional e a forma de se fazer turismo a partir desses tempos de isolamento. Por isso, a Secretaria de Turismo de Gramado e os empresários locais já se preparam para uma nova realidade.
“O perfil do turista está mudando e nada mais será como antes. Nesse primeiro momento de retomada, vamos passar a receber mais turistas que virão com carro próprio e ficarão na cidade por menores períodos: o ticket médio, naturalmente diminuirá”.
“Vamos ter que adaptar a nossa oferta. Os destinos que oferecerem as melhores experiências (não apenas preço) para esse turista, tenderão a ter melhor desempenho. É hora de dar foco à experiência do cliente, de estudar a jornada dele, atenuando dores e ressaltando ganhos”. analisa o secretário gramadense.
Impactos na imagem e na economia
Os impactos das medidas adotadas até agora são positivos para Gramado. Constatou-se que a cidade, ao fechar os atrativos turísticos e não incentivar as viagens neste momento, transmitiu ao resto do país uma imagem de gestão turística responsável, preocupada com o bem estar de todos.
Apesar da magnitude do impacto econômico, para os chocolateiros, por exemplo, o resultado das vendas de Páscoa foi melhor do que o esperado para o cenário.
Para a hotelaria e o setor gastronômico, estima-se renúncias ainda mais severas de receita nestes meses em que o turismo estará adormecido. Mesmo assim, existe a consciência coletiva de que, ao proteger o principal ativo de Gramado que é o seu povo hospitaleiro e seus visitantes, o saldo final será positivo e determinante para uma retomada com impactos menos agressivos e orientada para ganhos de longo prazo do destino turístico.
(Redação – Coisas Boas)
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